Fique
claro que isto aí era para impressionar pelo discurso direto, pela forma linguística urdida da trama ou, até mesmo, por um estranhamento, a fim
de lançar luz sobre a metalinguagem tão reverenciada por uma teoria literária
qualquer. Contudo, antes de maiores prosseguimentos, confesso minha absoluta
ausência de habilidade em aprofundar personagens, recuperar acontecimentos
históricos de maneira crível, além das fronteiras de gênero que me tornam um
ficcionista sofrível. Ficcionista, palavra que soa pedante, aliás. Guardo, no bolso, poucas certezas. Guardo, no bolso, poucas palavras.
Uma boca enorme entre vírgulas: uma grande
aposto explicativo na cara. Aposto. Mãos conformadas pelas dobras do lençol. Seria eu
um autorretrato de Frida Kahlo ou um filme de amor gay com Xavier Dolan? De
nada sei completamente.
Tenho
vivido tempos difíceis, em narrativas bidimensionais. Há momentos onde a vida fica tão árida, que a diferenciação
de complemento nominal e adjunto adnominal, quando ambos são locuções, é
fichinha. A ordem de hoje: relacionamento superficial. O mais raso possível,
para menor atrito. Mergulhos menos profundos.
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