“Perca peso agora, 20
kg em uma semana”. “Vá ao psicólogo”. ”Faça terapia”. “Se matricule em uma
academia”. “Não seja sedentário”. “Seja feliz”. “Namore”. “Compre mais”!
Mais
do que frases no imperativo, essas são imposições frequentemente encontradas em
diversos lugares por onde passamos. Seja no shopping, no Facebook, na rua, na
chuva, na fazenda ou em uma casinha de sapé.
Um
dos maiores dramas da sociedade contemporânea são as diversas exigências para
nos adequarmos ao espaço que nos abriga.
Um
dia, voltando do trabalho, pude ouvir duas moças, que também estavam caminhando,
falando sobre uma conversa com o psicanalista. A mais velha, pelo menos
aparentemente, dizia a outra, com um cabelo amarelo platinado, que não tinha
mais motivos para contar as minúcias de sua vida a um estranho, e que, mesmo
assim, prosseguiu com as demais sessões ao analista.
Bloqueio
após bloqueio. Até onde eu pude ouvir, ela justificou a sua atitude afirmando
que a sua mãe acha necessário que ela fizesse análise, logo não poderia abandonar
as cessões, graças à exigência de sua genitora. Ou seja, mesmo em uma condição
desconfortável, ela prosseguiria motivada pelo desejo alheio.
Eu
não tenho a obrigação de ser feliz. Eu não nasci com um sorriso tatuado na
cara. Eu quero ser como eu sou, assim mesmo, cheio de tensões, dramas,
conflitos, felicidades, excentricidades e invejas. Quero ser eu, com as minhas
várias facetas.
Eu
sou um pássaro, que muitas vezes está recluso em sua gaiola, mas que em
outros momentos está em pleno vôo, mostrando todas as cores de suas asas, apresentando
o brilho de suas penas sob o sol e querendo cantar bem alto para que muitos
possam ouvir.
Imposições
baratas. Produto midiático. Tudo isso serve apenas para nos igualar.
Querem
que sejamos pássaros com a mesma cor, tamanho e canto.
Portanto,
da maneira que eu sou, continuarei sendo, seja com defeitos e amarguras. Como
sujeitos de contraste que nós somos, devemos mostrar a beleza da diferença do
nosso canto. Assim continuarei eu ,um cidadão brasileiro que não vai ao
analista, e que não é uma peça de dominó.
Um comentário:
Eu vivi muito, muito tempo sobre o comando de outras pessoas. Um boneco que pensava e agia de acordo com o que os outros achavam melhor para mim. Acho que é por isso que hoje eu estou fazendo um esforço para ser cada dia mais autentico.
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