sexta-feira, 13 de julho de 2012

As Coisas São Como São

“Perca peso agora, 20 kg em uma semana”. “Vá ao psicólogo”. ”Faça terapia”. “Se matricule em uma academia”. “Não seja sedentário”. “Seja feliz”. “Namore”. “Compre mais”!
Mais do que frases no imperativo, essas são imposições frequentemente encontradas em diversos lugares por onde passamos. Seja no shopping, no Facebook, na rua, na chuva, na fazenda ou em uma casinha de sapé.
Um dos maiores dramas da sociedade contemporânea são as diversas exigências para nos adequarmos ao espaço que nos abriga.
Um dia, voltando do trabalho, pude ouvir duas moças, que também estavam caminhando, falando sobre uma conversa com o psicanalista. A mais velha, pelo menos aparentemente, dizia a outra, com um cabelo amarelo platinado, que não tinha mais motivos para contar as minúcias de sua vida a um estranho, e que, mesmo assim, prosseguiu com as demais sessões ao analista.
Bloqueio após bloqueio. Até onde eu pude ouvir, ela justificou a sua atitude afirmando que a sua mãe acha necessário que ela fizesse análise, logo não poderia abandonar as cessões, graças à exigência de sua genitora. Ou seja, mesmo em uma condição desconfortável, ela prosseguiria motivada pelo desejo alheio.
Por meio da breve conversa das mulheres, pude refletir o quanto nós fazemos coisas que nos alteram, em virtude de imposições que nos é estabelecida a todo o momento. Seja na família, na escola, ou em qualquer lugar, como já foi dito. Elas estão lá, estapeando a cara das pessoas normais; os cidadãos acessíveis.
Eu não tenho a obrigação de ser feliz. Eu não nasci com um sorriso tatuado na cara. Eu quero ser como eu sou, assim mesmo, cheio de tensões, dramas, conflitos, felicidades, excentricidades e invejas. Quero ser eu, com as minhas várias facetas.
Eu sou um pássaro, que muitas vezes está recluso em sua gaiola, mas que em outros momentos está em pleno vôo, mostrando todas as cores de suas asas, apresentando o brilho de suas penas sob o sol e querendo cantar bem alto para que muitos possam ouvir.
Imposições baratas. Produto midiático. Tudo isso serve apenas para nos igualar.
Querem que sejamos pássaros com a mesma cor, tamanho e canto.
Portanto, da maneira que eu sou, continuarei sendo, seja com defeitos e amarguras. Como sujeitos de contraste que nós somos, devemos mostrar a beleza da diferença do nosso canto. Assim continuarei eu ,um cidadão brasileiro que não vai ao analista, e que não é uma peça de dominó.



Um comentário:

Eduardo Montanari disse...

Eu vivi muito, muito tempo sobre o comando de outras pessoas. Um boneco que pensava e agia de acordo com o que os outros achavam melhor para mim. Acho que é por isso que hoje eu estou fazendo um esforço para ser cada dia mais autentico.