sábado, 18 de fevereiro de 2012

Imposições


Como enxergar o mundo? Inegavelmente este é um questionamento bastante subjetivo. Você leitor, por exemplo, enxerga o mundo de uma determinada maneira. Eu, por minha vez, tenho minha visão toda particular do mundo que me cerca.
As relações entre as pessoas estão cada vez mais superficiais. O que achamos que havia mudado, não mudou e, talvez, nunca mudará. Estou falando do preconceito; o câncer social que destrói as células do amor e do respeito. Preconceito este que se manifesta, não apenas da maneira tradicional, chapada, o homem que bate no homem por ser homossexual, por exemplo. Falo aqui do ‘não respeito’, da ‘não inserção’ e da falta de oportunidade borbulhante, em ponto de ebulição, que pessoas "inadequadas visualmente" passam.
Como já disse Carlos Drummond, "Vai Carlos ser gauche na vida", eu me aproprio de suas palavras e digo: "Vai Brian ser gauche na vida". O mundo contemporâneo aborda o tema BELEZA como algo fundamental, principal motivador do sucesso das pessoas. Eu digo que não, na minha autonomia de um feio militante, afirmo reconhecer a minha situação de feio e inteligente. Minha vida não é alheia ao sucesso.
Escrevo esse texto motivado por uma reflexão, recorrente desde que li o livro "Feios" de Scott Westerfeld. O livro mostra um mundo futurista (distópicamente), em que a beleza é um importante demarcador social. 
            Na obra, é exposto geograficamente esta divisão, já que os feios moram na Vila Feia, enquanto os bonitos (perfeitos), transformados pela operação plástica disponibilizada pelo governo, moram do outro lado do rio, na cidade Nova Perfeição.
 
Taly Yangblood, personagem principal e narradora do livro é uma garota que, ainda feia, se encontra ansiosa para ser transformada e poder mudar-se pra o outro lado do rio.
            É sobre o outro lado do rio que eu quero falar, do lugar onde "tudo de bom acontece", onde a beleza reina. De acordo com o senso comum, manipulado pela imposição da beleza imperadora, quem é feio não tem espaço. Nós sempre estamos cinco passos atrás dos encaixados socialmente.
            Eu digo que essa visão já é demasiadamente desgastada, pois representa um lado em que a aparência tem mais importância do qualquer outro atributo.
            Não devemos nos apegar as bundas rebolativas da TV, ou do rostinho perfeito da Madonna, alterado por recursos computadorizados em seus clipes. Tudo é planejado.
Somos um jardim repleto de flores, cada uma com suas características. E se, por acaso, houver tristeza que causa a imobilidade, lembrem-se: dentro da árvore, mesmo seca em seu exterior, ainda corre uma seiva cheia de vivacidade. 
            Todos nós somos capazes de ser quem quisermos.



Libertaimo-nos!

            

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